sexta-feira, 8 de maio de 2015

O abraço de despedida que nunca dei

Desculpe a demora na resposta. Há um certo tempo que quero te dizer algo. Dói um pouco falar por que faz tempo que isso “tá” entalado na minha garganta. O tempo passou e essas palavras que saem de forma rouca agora podem não fazer mais tanto sentido, mas me faz bem colocá-las pra fora.

Ontem eu te vi na sacada da sua janela, fui até a sua casa pra dizer que eu te queria. Parei, olhei sua barba e dei meia volta, minha moto engasgou e apagou duas vezes, quase atropelo um pobre cachorro que teve a infelicidade de cruzar meu caminho e derrubei uns papéis ao longo da estrada me fazendo dar meia volta e ver de relance você entrando dentro de casa.

Era o destino me mandando seguir meu cérebro, naquele momento era você que ocupava toda a minha cabeça.
Passei a noite em claro não pensando em você, mas pensando o que teria acontecido se eu tivesse tocado a campainha da sua casa, tivesse me jogado em seus braços e pedido um único beijo. Apenas um, eu diria, assim, você poderia escolher se gostaria que nossos lábios se tocassem novamente.

Levantei da cama com a cabeça pesada e o com essas palavras ainda na garganta, o “bolo” de sentimentos ficou endurecido e agora é realmente difícil cuspir de forma compreensiva. A vontade é de gritar e agir feito louca, acho que o amor tem dessas coisas, mas prefiro te dizer assim. Um papel com letras miúdas pra só você ler.
Resolvi fazer isso por que a imagem de você entrando em casa sem ter meu ouvido, sem eu ter te visto, pareceu algo muito doloroso. A morte é iminente mas o futuro é incerto, na aula de violão, segurei as lágrimas enquanto aprendia as notas de “É você, da Marisa Monte”. Não chorei de arrependimento, só pra esclarecer, chorei por que tive medo do futuro em que eu nunca me declaro, eu nunca olho em seus olhos e cuspo em você esse sentimento que me atormenta. Não é culpa sua, na verdade nem minha, o amor é algo que simplesmente surge, mas que não desaparece.



E agora, quando estou nesse avião e digito essa mensagem enquanto o celular ainda tem bateria, eu posso respirar aliviada por arrancar esse aperto que me consumiu por tanto tempo. Acho que não sentirei saudade, mas ficarei nostálgica quando lembrar de quando deitava no seu colo e você mexia no meu cabelo. 

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