domingo, 1 de novembro de 2015

Gabriela Moreno, a mulher que me deixou com inveja

      Outro dia olhando os posts da Mel, achei um em comemoração aos aniversário de 28 anos dela, com uma frase que representa bem quem eu sou hoje. Lá no item 11 ela diz assim: "Não precisamos seguir carreira naquilo que nos formamos".

      Pra quem não sabe, eu me formei em Administração na UFC em 2013 e de lá pra cá muita coisa mudou sobre o que eu quero "ser quando crescer".

      Administrar sempre foi um sonho, ter meu próprio negócio ainda me balança, só que agora eu percebo que eu não precisava ter feito administração pra isso, não é diminuindo a profissão, de forma alguma, tenho até um exemplo na minha turma de como cursar administração faz a diferença na vida de um administrador, inclusive, ninguém melhor do que eu, que passei quatro anos e meio dentro de uma sala para aprender como gerir um negócio. Mas eu sei que mesmo que eu não tivesse feito o curso, eu ainda ia querer um negócio só meu, e na verdade, quem não quer? E o mais incrível, é que mesmo que eu não tivesse estudado isso, poderia dar certo. A probabilidade de errar é muito maior, é claro, mas aposto que você conhece pelo menos uma pessoa que abriu um negócio na "cara e na coragem" e deu certo. Mas hoje, eu planejo muito mais ter meus pés pelo mundo do que preso em um lugar só. O que reflete bem a minha ideia de "negócio".

      Foi aí que esses dias, rodando uns blogs por aí, li um texto que representava praticamente tudo o que eu desejo da minha vida.

      É meio difícil eu conseguir expressar o que quero pra minha vida e o que tenho vontade de fazer, mas tudo se resume a viajar. Sério! Mas pra você poder entender melhor, eu te convido a ler esse texto que a Gabriela Moreno publicou, é um pouco grande, mas vale totalmente a pena.
A diferença entre eu e a Gabriela, se resume ao fato dela ter 41 anos e ser muito mais corajosa do que eu. 


“A mente condicionada segue a programação proposta pela sociedade. Você se sente obrigado a cumprir este programa porque é a única maneira de sentir-se pertencendo, mas para seguir nesta direção, você tem que abrir mão do programa da sua alma. Então é inevitável que você sinta uma angústia contínua, que pode se manifestar na forma de doenças, de repetições negativas e no sentimento de que você é desencaixado e que sua vida não tem sentido. Estando fora da trilha do seu coração é natural que a vida não tenha sentido para você” (Sri Prem Baba)


Por Grabiela Moreno
Era assim mesmo que me sentia: desconectada, angustiada, levando a vida no piloto automático, fazendo as coisas por fazer. Acordava, ia trabalhar, voltava para casa exausta e meio sem entender o sentido disso tudo. Por que mesmo que eu estava fazendo essas coisas? Para ganhar dinheiro, para poder pagar uma aposentadoria e comprar coisas?
E coisas que na verdade nem me importava… roupas, sapatos e maquiagem para o trabalho, seguindo a máxima: vista-se para o próximo cargo que você quer ocupar. Roupas que não gosto, sapatos apertados e maquiagem, que é, na verdade, uma máscara social. Por mim, ficava de bermuda, camiseta e chinelo o dia todo.
Ok, me dava uns presentinhos de vez em quando, afinal, depois de trabalhar tanto, eu mereço, né? Um iPad, um smartphone, um bom queijo. Me dei também um bom apartamento, financiado em trocentos mil anos. E vamos realimentando o ciclo, pois agora é trabalhar para pagar este apartamento.
Mas o que sempre me deu tesão mesmo era a viagem das férias. Acho que no fundo eu trabalhava 11 meses só para poder viajar aqueles 20 dias das férias. Ah, como eu me sentia livre e presente fora da rotina louca que eu levava. E também era um prêmio de consolação por ter me envolvido tão cedo no mundo corporativo e deixado de realizar um sonho de juventude: passar uma longa temporada viajando.
Sempre tive essa vontade, mas a vida acontece e para mim aconteceu de forma boa. Bons empregos, promoções, bons salários. Acabei nunca cumprindo essa vontade, então matava um pouquinho dela nesses poucos dias de folga.
Em uma destas férias, fui para Machu Picchu e, por mais clichê que isso possa parecer, tive um insightdurante uma caminhada. Quem quer que já tenha sentido algo assim sabe o quanto é difícil colocar em palavras o que é. Assim, só posso dizer que lá, na dureza daquela caminhada, me senti integral com o mundo e com o universo. Minha alma estava inteira em mim. Eu estava ali, cem por cento ali. E me dei conta que não precisava de mais nada, nem de iPod, iPad, carro… nada disto. Eu precisava era de mim, da minha alma morando em mim.
Entre esta viagem e a decisão de finalmente largar o mundo sem sentido em que vivia, foram 2 anos. Finalmente tomei coragem e, aos 41 anos, pedi demissão de uma boa empresa, onde tinha um bom cargo e salário para, finalmente, colocar em prática o sonho da juventude: viajar.
Um misto de sentimentos em meu ser. Ao mesmo tempo em que senti uma liberdade e alívio profundo, um medo enorme me invadiu. E agora? Não tenho mais emprego, nem a garantia da CLT, nem benefícios, nem plano de saúde, nem nada. E tudo isto para torrar uma vida de economias em uma viagem? Nesta idade? Tá louca?
Meus amigos e família achavam que sim. Eu também achava, mas, lá no fundo, uma vozinha afirmava que não, que eu não estava louca, que estava fazendo a coisa certa.
Com uma infinidade de possibilidades de viagens, acabei optando por rodar o mundo voluntariando ao invés de ficar mais tempo em um só lugar. Assim podia conhecer os países mais profundamente, além de retribuir um pouco ao universo tudo aquilo que dele recebi.
Descobri uma passagem da Star Alliance que se chama Around the World, e assim comecei a montar meu roteiro. Foram dias de muito trabalho e pesquisa, buscando ONGs para voluntariar, mandando e-mails, planejando. E fazendo contas, muitas contas.
Conforme o dia ia se aproximando, o medo aumentava. Tantas dúvidas na cabeça: será que os trabalhos serão legais? Será que vão gostar de mim? Será que vou fazer amigos? Será que aguento passar este tempo todo viajando? Será que meu relacionamento aguenta esta separação? Será que tudo isto tudo vale mesmo a pena? Será?
A cabeça cheia de dúvidas, o coração com uma certeza: Vai!
E assim saí em viagem, deixando família, amigos e um relacionamento de 13 anos, para poder conhecer mais deste mundão e de mim mesma.
Na viagem descobri muito de mim e conheci muita gente interessante, de verdade. Todos mais jovens que eu. Mas descobri, também, que a idade é um detalhe quando a alma fala a mesma língua. Descobri uma certa flexibilidade e resiliência que não sabia que tinha, descobri tantas coisas que daria assunto para outra postagem. Mas, acima de tudo, descobri que nunca havia sido tão feliz na minha vida.
Claro que neste tempo todo tive altos e baixos, dias bons e dias não tão bons. Mas mesmo os dias não tão bons foram muito bons. Em nenhum momento me arrependi da decisão. Pelo contrário, cada dia reforça ainda mais a certeza que fiz o que era pra ter sido feito.
Não sei o que será de mim quando eu voltar, que tipo de emprego ou forma de me sustentar encontrarei. Não sei nem onde vou morar. Mas sei que tudo vai dar certo e se alinhará de alguma forma. Aprendi isto, também: a me preocupar menos e confiar mais na vida. E eu confio, e muito.
Dizem que se conselho fosse bom a gente não dava, vendia. Mas vou dar um mesmo assim: siga seu coração, seu sonho. Não importa o quão louco ou desbaratinado ele pareça. Siga-o! Não existe no mundo felicidade maior do que este sentimento de realização e plenitude quando a gente faz o que nossa alma quer.
Você não precisa de carro, iPod, iPad, vale-refeição, Mac ou TV 3D para ser feliz. Tudo isto traz uma alegria apenas temporária. Você só precisa de você, da sua alma morando em você.

Por anda a sua?


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